Por: Rui MIguel Trindade dos Santos
Pare de jogar a culpa da sua vida no “acaso”.
Você tem que assumir a responsabilidade de suas ações e assumir que as coisas que acontecem na sua vida não se relacionam com o universo conspirando contra voce e sim com o que você está fazendo para as coisas darem certo ou errado. Vejo constantemente as pessoas jogando a culpa do que acontece nas suas vidas para o destino, para o acaso ou para as estrelas. Homero, poeta grego disse: “A sua estultícia o homem chama destino”.
Fazer isso é se desviar de sua responsabilidade. É tentar se convencer de que não importa o quanto você lute na vida, se o seu destino for aquele, nada do que você faça ou trabalhe mudará o resultado. Eu acredito em coincidências; mas não em coincidências programáveis. Nós somos responsáveis por nossas atitudes e temos que arcar com as consequências de nossas decisões. Quando uma situação ruim acontecer na sua vida pessoal, profissional ou espiritual, ao invés de creditar este acontecimento ao seu destino, por que você não olha um pouco para trás e presta atenção em todos os seus atos?
É comum encontrarmos pessoas “fatalistas”. A crença no destino nega radicalmente a liberdade humana e é maléfica para a sociedade: pois, se o nosso destino já está predeterminado, para que usar cinto de segurança, ou para que contratar planos de saúde. Se não existe liberdade, também não existe responsabilidade. Se somos determinados ao destino, não há como responsabilizar o desonesto, os exploradores, os ladrões e os assassinos, pois seriam todos vítimas do destino. Apesar dos condicionamentos, o homem se define pela liberdade e pala responsabilidade.
Einstein já dizia: “A vida é neutra. Não é boa nem má. É aquilo que nós queremos que seja, dependendo da nossa atitude, ação e empenho”.
Vou dar um exemplo:
- Você está no trânsito caótico de sua cidade e de repente a gasolina acaba. O seu carro está parado e o posto de gasolina está um pouco longe, cerca de uns 2 km de distância. Você fica apreensivo por deixar seu carro sozinho em uma avenida movimentada e tem uma ideia. Sai do carro, empurra-o com ajuda de alguns transeuntes e deixa-o no acostamento. Isso depois de várias buzinas ao seu ouvido e xingamentos à sua mãe. Antes de você deixar o carro, aparece, para verificar o motivo do trânsito parado, um agente da polícia rodoviária que ao notar que o problema é falta de combustível lhe aplica uma multa. Você fica irritado, mas aceita sem contestação. Então sai do local em direção ao posto de gasolina e começa a correr um pouco porque o tempo está fechando e você não quer chegar molhado naquela reunião importantíssima na sua empresa. Chegando ao posto descobre que eles não possuem nenhum recipiente para colocar a gasolina, e você então vai a uma padaria local. Na padaria pega dois refrigerantes de dois litros e na hora de tirar o cartão de débito, verifica que o esqueceu no carro. Em seu bolso há apenas sete reais, logo só pode comprar um pet de dois litros. A marca não importa, o que importa é vasilhame. Você sai da padaria, joga todo o conteúdo do refrigerante fora (pois não conseguiria bebê-lo todo de uma vez e não há tempo hábil para isso), retorna ao posto de gasolina e coloca apenas um litro e meio. Mas como o seu carro é econômico esse um litro e meio vai ser o suficiente para chegar ao posto mais próximo. Com a gasolina em mãos, você volta para o carro. No meio do caminho o tempo já está mais fechado. A chuva é iminente. Em alguns minutos uma chuva torrencial cai (Nesse dia choveria cerca de 40% do total que deveria chover em um mês inteiro). Agora você já não está preocupado com sua roupa porque já está encharcada. Situação simples de resolver, bastando trocar no escritório antes da reunião. Depois de vir correndo e cansado debaixo da chuva você vai se aproximando de onde está o seu carro e verifica que alguma coisa está errada. Você não reparou mas um pouco antes do local onde parou seu carro havia uma placa de advertência dizendo: “Em caso de chuva forte, não permaneça nesse local, risco de inundação”. Agora você, de longe assiste o seu carro sendo coberto até meia altura do pneu pela água. Então respira fundo e pensa: “Tudo bem, a chuva está diminuindo, vou esperar um pouco e sair daqui”. Mas a chuva não diminui e, em pouco tempo, você observa com um ar de desconsolo o seu carro ser arrastado, quase submerso, por 30 metros avenida abaixo.
E então você pensa: “Não tem explicação. Tudo deu errado. Tudo!!! Isso é coisa do destino. Tinha que ocorrer.”
Mas não é culpa do destino, nem acaso ou dos astros. A culpa é inteiramente SUA.
Quando você saiu de casa sua esposa lhe falou:
- Amor, abastece antes de sair. O carro vai entrar na reserva.
Você protelou. Achou que a gasolina seria suficiente para chegar ao trabalho sem problemas e talvez daria, mas você não contava com o fato de que teria um acidente na marginal e o trânsito estaria travado. Você arriscou. Apostou na coincidência boa de que tudo daria certo. Mas não deu. E sua falta de responsabilidade e sua forma corretiva de lidar com os problemas fizeram você deixar de gastar 20 reais de gasolina para perder um carro inteiro.
Tudo foi culpa sua.
Dias atrás eu vi uma mulher sendo entrevistada na tv dizendo que perdera o filho em um deslizamento de terra. Mas que tinha que aceitar pois era a “hora dele” e que “Deus o chamou” e que “precisava dele no céu”.
Mas não foi Deus que chamou. Se essa família prestasse a atenção as instruções da defesa civil de que ela estava em uma área de risco e poderia acontecer uma tragédia, isso não teria acontecido. Se tivessem ouvido a orientação de profissionais antes de construir uma casa em uma ribanceira, não haveria essa tragédia.
Nesse momento você pensa: “Mas eles não têm para onde ir!!! O que iriam fazer?”.
Eu respondo a sua pergunta com outra: - Vale a pena correr o risco? Vale a pena morrer e contar com a coincidência por não ter para onde ir naquele momento? –
Se você acha que sim, então depois de ocorrer uma tragédia não culpe ninguém ou seu supremo divino porque a culpa é inteiramente sua. E pensando no lado místico e metafísico dessa situação, você não acha que talvez sua divindade utilizaria a defesa civil para lhe dar um alerta? Usado pessoas para ajudar você a não perder um ente querido? Ou você esperava que Jesus, Buda ou Maomé apareceriam em sua residência batendo na porta e dizendo:
- Menininho difícil você heim!!!? Agora chega de birra. Vim aqui te salvar. Junta suas coisas e pica a mula daí.
Então, não julguem sua divindade ou jogue a responsabilidade sobre ela de sua inconsequente forma de lidar com os problemas. É lógico e evidente que existem situações que fogem de nosso controle. Situações que por mais que façamos o certo, coincidências boas ou ruins acontecem. Isso são coincidências da vida e temos que aceitar.
A prática mais importante na filosofia estoica é a distinção entre o que podemos mudar e o que não podemos. Aquilo sobre o que temos influência e aquilo sobre o que não temos. Se um voo é adiado por causa das condições do clima, você pode gritar o quanto quiser com o representante da companhia aérea; isso não vai fazer a tempestade parar.
Talvez tomemos decisões erradas hoje, mas que amanhã nos trarão resultados benéficos. É por isso que temos que entender e aceitar a vida como ela é. O que você pode controlar você deve e precisa controlar. O que você não pode controlar, que não é de sua responsabilidade, infelizmente tem que aceitar. E essa aceitação é vital para você viver nesse mundo incompreensível e caótico. Se tentarmos entender a lógica desse mundo ficaríamos insanos. Ser humilde e aceitar certas situações não significa ser subserviente. O importante é ter consciência que existem o bem e o mal, o ruim e o bom, a felicidade e a tristeza
A questão é saber de que lado você está.
Rui Miguel Trindade dos Santos
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